Notícias

Dia dos Povos Indígenas

0

O dia de hoje se chama Dia dos Povos Indígenas desde agosto do ano passado, quando a Lei 14.402 modificou seu nome. Anteriormente, a data era conhecida como Dia do Índio, denominação que não representa a diversidade das culturas englobadas pelos povos originários. No Brasil, existem quase 900 mil indígenas segundo o Censo de 2022. Esses povos, que estão espalhados por todo o território desde muito antes de 1500, lutando pela preservação desses territórios, seguem nos dias atuais travando duras batalhas por sua sobrevivência e pela conservação de suas histórias e culturas.

Em 2022, o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips no território indígena no Vale do Javari, em Roraima trouxe à mídia a situação de ameaça em que os povos desse território vivem. Os povos originários da região, organizados na União dos Povos do Javari (Unijava), contribuíram nas buscas e investigações, enquanto faziam sérias denúncias sobre grupos criminosos que exploravam a região e estavam ligados aos crimes. Bruno estava sendo ameaçado, era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai) e estava atuando como colaborador do Unijava, combatendo invasão de pescadores, caçadores, narcotraficantes e garimpeiros na área.

A queda de Bolsonaro trouxe grandes mudanças na política indigenista do país. Logo nos primeiros dias de governo Lula foi revogada a regulamentação de Bolsonaro para a exploração de madeiras em terras indígenas. O Ministério da Saúde se deparou com a crise humanitária no território indígena Yanomami, em Roraima, região com 30,4 mil habitantes. A situação encontrada foi de muitas crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição grave, casos de malária, infecção respiratória aguda e outras doenças além de graves denúncias de estupro e violência contra os indígenas por parte dos garimpeiros da região. O governo federal destituiu 43 ocupantes de cargos de comandos da Funai e iniciou a retirada dos garimpeiros ilegais.

Neste ano de 2023, a data de 19 de abril foi ressignificada, sendo a primeira vez na história que o Governo Federal conta com uma ministra indígena, Sônia Guajajara, frente ao inédito Ministério dos Povos Indígenas, e a indígena Joênia Wapichana na presidência da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). O Ministério dos Povos Indígenas apresentou a campanha “Nunca mais um Brasil sem nós”, propondo maior visibilidade á luta dos 305 povos indígenas que resistem e existem no Brasil, e que garantem a preservação de 274 línguas faladas.

A visibilidade aos povos indígenas deve ser garantida durante todo o ano, e não somente na data de hoje. A luta dos povos originários segue, como mostrou demonstrações nas redes sociais hoje de diversos líderes de diferentes etnias pela demarcação das terras que ainda não aconteceram.