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Milton Ribeiro e a cara queimada de Bolsonaro

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Ex-ministro de Bolsonaro foi preso preventivamente na última quarta-feira.

 

Por Fernanda Rodrigues

Investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência, Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, foi preso preventivamente pela Polícia Federal na quarta-feira, 22 de junho, em Santos (SP). A operação da Polícia Federal que apura um esquema ilegal de liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), também acarretou em mandado de prisão preventiva para os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, ligados a Bolsonaro.

Milton Ribeiro está envolvido em um esquema de liberação de recursos do FNDE para obras em creches e escolas nos municípios a partir de pedidos negociados pelos dois pastores investigados. Um gabinete paralelo funcionava dentro do MEC respondendo à interesses de aliados de Jair Bolsonaro. Para a liberação dos recursos eram cobradas propinas, inclusive em barras de ouro. Prefeitos que foram ouvidos na Comissão da Educação no Senado confirmaram os pedidos de propina.

Gilmar Santos foi colocado próximo ao Ministério da Educação por indicação de Bolsonaro, que o recomendou para atuar com Milton Ribeiro, segundo conversa revelada pela imprensa. Sua atuação consistia em definir como seria a liberação das verbas segundo interesses do governo. Em áudio gravado em março deste ano, o então ministro declarou que “A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”.

Logo após o surgimento das denúncias, Milton Ribeiro foi afastado do MEC. Bolsonaro declarou na ocasião que colocaria “a cara no fogo” pelo ex-ministro. Com o recente mandado de prisão expedido, memes surgiram na internet colocando o rosto do presidente em chamas. Após a prisão preventiva de Ribeiro, Bolsonaro declarou que “exagerou” no uso do termo, que continua acreditando na inocência de Ribeiro e afirmou que não havia materialidade para o pedido de prisão, mas que “Ele que responda por seus atos”.

Na quinta-feira, 23 de junho, o ex-ministro deixou a prisão após a defesa ter garantido um habeas corpus. O desembargador, Ney Bello, que concedeu liberdade ao ex-ministro também estendeu a liberação para os outros presos na operação: os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, o ex-assessor Helder Diego da Silva Bartolomeu e o advogado Luciano de Freitas Musse, que, assim como Ribeiro, devem ficar soltos até o julgamento do caso.